Organização: Centro Sabiá
Reportagem:Cecília Figueiredo e Darliton Silva
Fotos: Ana Mendes e Darliton Silva
A Feira Agroecológica de Surubim (FAS) é o ponto de encontro entre as famílias agricultoras e os consumidores que buscam alimentos frescos, produzidos sem veneno nos municípios vizinhos. Os laços que se estabelecem através da comercialização dos alimentos constroem uma relação de confiança entre produtores e consumidores e fortalecem a agricultura familiar da região. Vamos conhecer o trabalho de Doraci e Jurandir, que trazem seus queijos e manteigas direto do município de Vertente do Lério para a FAS, uma experiência que mostra que a venda direta dos produtos possibilitou a ampliação da produção e a melhoria da qualidade de vida desta família.
De manhã bem cedo o burburinho começa na Praça Estefânia, no centro de Surubim. Desde às 6h da manhã as barracas estão montadas e as famílias agricultoras já recebem os primeiros clientes e é importante chegar cedo para garantir os melhores produtos que chegam dos municípios vizinhos. As famílias agricultoras trazem uma grande variedade de frutas frescas e polpas, verduras, legumes, queijos, doces, mel e ovos para vender.
Segundo Roseilda Couto, Diretora de Meio Ambiente de Surubim, a feira é muito importante para o município e para os agricultores, pois promove a autonomia das famílias e é um fator de motivação para que elas continuem plantando e fazendo com que alimentos frescos e saudáveis cheguem diretamente aos consumidores com um preço que é justo para quem compra e também para quem produz. Rose também ressalta que mesmo tendo somente agricultores de outros municípios a feira promove uma circulação virtuosa de recursos: “Hoje são agricultores de municípios vizinhos que conseguem diversificar a sua produção e fazer com que essa geração de renda circule não só no município de onde ele vem, mas também no município de Surubim, e essa renda contribui para o território como um todo.” A Feira Agroecológica de Surubim é, portanto, um polo de geração de renda e qualidade de vida para consumidores e produtores, mas também para todo o município.
A FAS em imagens e histórias
As Fotografias de Ana Mendes e Darliton Silva mostram a riqueza que circula na Feira Agroecológica de Surubim e como este espaço fortalece as famílias agricultores em um círculo virtuoso de geração de renda, valorização do trabalho e integração do território.
Foto: Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá
A Feira Agroecológica de Surubim existe desde 2019 e surge de um processo político e organizativo que deu mais autonomia às famílias agricultoras e criou condições tanto de gerir o espaço quanto de garantir uma parceria com a administração municipal. A feira é administrada por um coletivo formado pelas famílias que se reúne uma vez por mês e conta com o apoio de organizações como o Centro Sabiá e a Agroflor, além da Prefeitura Municipal de Surubim, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do estado de Pernambuco, o Banco do Nordeste, o Movimento dos Pequenos Agricultores e Sindicatos.
Foto: Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá
A venda direta de alimentos na feira fortalece as relações entre consumidores e famílias agricultoras, contribui para a geração de renda e melhora a qualidade de vida, além de trazer para o centro do debate a importância de consumir produtos livres de veneno. Os alimentos vendidos na FAS são trazidos de diversos municípios que fazem parte do Território Rural do Agreste Setentrional pernambucano, no qual Surubim é um polo importante, mas que também é composto por outros 15 municípios: Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Frei Miguelinho, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobó, Passira, Salgadinho, Santa Maria do Cambucá, São Vicente Ferrer, Vertente do Lério e Vertentes. A participação das mulheres na feira é maior do que a dos homens, além de serem lideranças comunitárias, tomam decisões, geram renda, são autônomas e promovem o bem viver.
Foto: Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá
Desde o início da pandemia, famílias agricultoras que atuam na feira, quando retornaram ao atendimento presencial receberam material de proteção e higiene, e orientações da equipe do Centro Sabiá, quanto aos cuidados sanitários para evitar a contaminação e a propagação do novo coronavírus. A solidariedade é um dos valores que se destaca na relação das famílias agricultoras com as pessoas que frequentam a feira. Não se trata apenas de compra e venda de produtos, mas também de uma relação de confiança e apoio mútuo que confere à feira um ambiente prazeroso de partilhar.
Da roça pra feira, da feira pra roça: a história dos queijos de Doraci e Jurandir
A banca de Doraci e Jurandir tem produtos que os consumidores não deixam faltar em casa. Queijo coalho, queijo manteiga, queijo temperado, requeijão e as manteigas de garrafa e batida são produzidos com todo o cuidado pela família e fazem sucesso na Feira de Surubim. Jurandir vai pra feira com seu filho mais velho enquanto Doraci cuida do processo delicado de fermentação e maturação dos queijos no sítio que fica na comunidade de Alto do Rosário em Vertente do Lério.
Foto: Ana Mendes / Acervo Centro Sabiá
A Feira agroecológica de Surubim é o resultado de uma ação coletiva que envolve diversas instituições tanto no trabalho de assistência técnica aos agricultores quanto na garantia de estrutura para o espaço de comercialização com barracas, cadeiras, banners de identificação, caixas térmicas e materiais de identidade visual como rótulos para os produtos vendidos por Jurandir.
Doraci e Jurandir tem nos produtos beneficiados a partir do leite de vaca sua principal fonte de renda. Há mais de 10 anos criando bovinos e produzindo queijos para a venda, Doraci vê na Feira um espaço de valorização dos seus produtos. “Antes a gente fazia o produto de qualidade, mas vendia barato porque não sabia o valor de um produto caseiro e natural” ressalta Doraci.
A assistência técnica realizada pelo Centro Sabiá contribuiu para a melhoria da produção de queijos, pois trouxe novos conhecimentos sobre o cuidado com os animais, e com a propriedade. Doraci observa que mudou bastante a qualidade do leite com as melhorias que a família fez na alimentação dos animais, principalmente com a produção própria do sal mineral e de silagem mais rica em proteínas. Além disso, a família investiu em reflorestar a propriedade e a incorporar diversas práticas agroecológicas de cuidado do solo. As mudanças são celebradas por Doraci e refletem na qualidade do produto e também na vida da família.
Doraci e Jurandir tem nos produtos beneficiados a partir do leite de vaca sua principal fonte de renda. Há mais de 10 anos criando bovinos e produzindo queijos para a venda, Doraci vê na Feira um espaço de valorização dos seus produtos. “Antes a gente fazia o produto de qualidade, mas vendia barato porque não sabia o valor de um produto caseiro e natural” ressalta Doraci.
Com a maior variedade de produtos, a renda da família aumentou nos últimos anos. Além da Feira agroecológica de Surubim, Doraci e Jurandir vendem seus queijos e manteigas na Agroecoloja em Recife. Estudo realizado pelo Centro Sabiá mostrou que as vendas nesses mercados contribuíram para um aumento de 90% na renda da família. Este aumento de renda possibilitou que o casal investisse, em 2021, na construção de uma pequena queijaria com mais estrutura para a produção dos alimentos. Doraci afirma que a variedade de produtos impactou diretamente no aumento das vendas, o que traz uma enorme satisfação para ela e dá mais vontade de trabalhar e produzir cada vez mais. “Nós estamos na feira para levar alimentos saudáveis e naturais para os consumidores”.
Essa fotorreportagem é uma publicação da Rede Ater Nordeste de Agroecologia e recebeu financiamento do Fida, Funarbe, UFV, IPPDS e AKSAAM.
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