Dani Guerra (Comunicadora do ESPLAR e da Rede ATER Nordeste de Agroecologia)
Na manhã desta quinta-feira (9), representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e das organizações da sociedade civil celebraram a assinatura do termo de execução descentralizada (TED) do projeto Baraúnas dos Sertões: Fortalecendo a ATER Agroecológica e Feminista no Semiárido Brasileiro. Este passo representa o pontapé inicial para a execução do projeto, garantindo o repasse da primeira parcela do orçamento, cotado no valor total de 2,5 milhões de reais.
Laeticia Jalil, coordenadora do Projeto Baraúnas dos Sertões, iniciou a mesa do evento, delimitando a importância da universidade plural como ponte para a efetivação das políticas públicas. Além disso, a professora ressaltou a importância das organizações de ATER, para a sobrevivência das comunidades nos últimos anos de desmonte: “Este é um projeto que não se faria possível sem essas organizações, que vem lutando pela terra, pela agricultura familiar nossa, a partir do que essas organizações estão construindo historicamente”.
Patrícia Mourão da Subsecretaria de Mulheres Rurais/MDA destacou uma das ações previstas no projeto: o curso de especialização e extensão de 600 horas para as técnicas e os técnicos de ATER, as agricultoras, os agricultores e as lideranças. “É preciso assegurar que as mulheres tenham acesso ao serviço de ATER, mas que este seja de qualidade e transformador, e não existe nada mais transformador que a agroecologia”.
Neila Santos, coordenadora do CETRA e representante da Rede ATER Nordeste de Agroecologia, defendeu a importância de adequar as metodologias de diagnóstico à realidade das organizações e das famílias agricultoras. Ela ressalta a atuação da Rede com o Método Lume e as cadernetas agroecológicas: “Nosso trabalho tem buscado realizar estudos sobre outras economias, que são invisibilizadas dentro dos agroecossistemas, inclusive sistematizando o trabalho das mulheres dentro do núcleos familiares”.
Roselita Victor, agricultora assentada do Polo Sindical da Borborema e representante da Marcha das Mulheres do Polo, trouxe o questionamento: “Como a gente pode ter uma política de ATER que valorize as agricultoras e os agricultores?”. Dentro deste processo, a agricultora destaca a visibilidade que precisa ser dada ao trabalho das mulheres, ressaltando essa sobrecarga que elas assumem no âmbito doméstico e nos espaços de construção política.
O Projeto Baraúnas dos Sertões é uma iniciativa da Rede Feminismo e Agroecologia do Nordeste, Rede ATER Nordeste de Agroecologia, da Articulação Nacional de Agroecologia, do GT de Mulheres da ANA, com a parceria do Ministério de Desenvolvimento Agrário, Governo Federal, UFRPE, FADURPE, Núcleo Jurema, Unilab e UFPI.