Redes de Agroecologia
no Semiárido Brasileiro

Impulsionando transição ecológica justa nos territórios através do fortalecimento da Rede ATER Nordeste de Agroecologia  

Desenvolvido entre 2022 e 2024, este projeto, apoiado pela Porticus, proporcionou um processo de capacitação para que as organizações da Rede ATER NE possam aperfeiçoar as avaliações das dinâmicas de desenvolvimento rural que incluam os efeitos dos programas e políticas públicas.

O cenário era de pós-pandemia e de mudanças no contexto político nacional nos últimos cinco anos e a Rede ATER NE se questionava sobre ‘como seguir aprimorando competências e estratégias de assessoria que tenham como base as experiências nos territórios e sejam capazes de enfrentar os bloqueios identificados?’ e ‘como construir e negociar uma agenda propositiva de políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar e de promoção da segurança alimentar e nutricional, considerando que em 2022 haverá eleições nos estados e a nível nacional?’

Objetivos

Fortalecer as capacidades das organizações de agricultores/as nos territórios e das organizações de assessoria para a promoção de sistemas alimentares justos e sustentáveis.

Este fortalecimento é imprescindível para a continuidade da ação das mesmas diante do contexto de mudanças nos planos político-institucional, econômico e climático.

O desenvolvimento de capacidades para atuar no fomento a redes territoriais de inovação sociotécnica se mostra, portanto, como uma necessidade inadiável para que sejam estimuladas ações coletivas orientadas pela perspectiva agroecológica.

1 Etapa

Nesta etapa, as energias se voltaram para uma campanha para incidir junto aos programas de governo dos/as candidatos/as aos poderes executivo e legislativo no âmbito federal e estadual. A intenção é incluir na pauta os temas da segurança alimentar e nutricional, agricultura familiar e agroecologia. 

Na primeira etapa do projeto, que antecedeu as eleições de 2022 – nos âmbitos federal e estaduais para executivo e legislativo – foi realizado um processo de incidência política para aprimorar ou construir políticas públicas que canalizem recursos para a ATER pública executada pelas organizações da sociedade civil segundo a perspectiva agroecológica.

Uma das expectativas foi a retomada do financiamento público para a ATER,  incorporando inovações metodológicas que vêm sendo desenvolvidas pela sociedade civil, como o método Lume.  

2 Etapa

Executada em 2023 e 2024, o foco desta etapa foi no processo de formação das equipes com relação ao método Lume, tanto no olhar para as comunidades, quanto para os agroecossistemas. A intenção deste momento foi exercitar o Lume como método para uma abordagem agroecológica dos sistemas agroalimentares e das políticas públicas.

Na segunda etapa, foi realizado um curso para assessores das organizações da Rede ATER Nordeste e lideranças da agricultura familiar. A partir deste processo que contou com atividades teóricas e práticas, foram realizados diagnósticos participativos, estudos de caso e a sistematização de experiências nos territórios de atuação das organizações da Rede ATER Nordeste.

O processo de formação também se dividiu em duas fases. A primeira foi focada na aferição de resultados de mudanças sociotécnicas na escala de comunidades rurais. E a segunda teve o enfoque na escala dos agroecossistemas. 

É na escala comunitária onde são organizados processos coletivos de gestão dos bens comuns – como água, biodiversidade, equipamentos, conhecimentos, etc. No âmbito comunitário, também são estabelecidas dinâmicas de produção e socialização de conhecimentos contextualizados, baseadas na experimentação local e em intercâmbios horizontais entre agricultores/as experimentadores/as.

Por meio das trajetórias de inovação sociotécnica, impulsionadas pela ATER de base agroecológica,  variados “dispositivos de ação coletiva” (DACs) são criados e/ou desenvolvidos em âmbito territorial.

Os DACs incluem uma série de equipamentos e dinâmicas que são geridos pela comunidade, como bancos de sementes e viveiros comunitários, fundos rotativos solidários, unidades de agroindustrialização artesanal, equipamentos de uso coletivo, mercados territoriais, sistemas participativos de garantia da produção orgânica, intercâmbios entre agricultores/as experimentadores/as.

Estes mecanismos, que funcionam baseados em princípios como a cooperação e a reciprocidade social, geram crescentes níveis de autonomia técnica e econômica da agricultura familiar, ao mesmo tempo em que favorecem a resiliência de seus sistemas produtivos frente aos efeitos das mudanças climáticas. 

Como resultado de anos de atuação sistemática a partir da perspectiva agroecológica, verifica-se nos  territórios de atuação das organizações da Rede ATER NE o adensamento e a diversificação destes dispositivos de ação coletiva.   

Após a escala comunitária, os estudos de caso se voltaram para dois agroecossistemas de cada uma das 12 comunidades que foram trabalhadas na etapa anterior. O critério para escolha dos agroecossistemas era que eles estivessem em situações diferentes no que se refere ao acesso a bens estruturantes ou que as famílias tivessem tempos distintos de participação social. A ideia era perceber o quanto as diferenças poderiam influenciar nos níveis de autonomia técnica e econômica das famílias, além de outras dimensões.

Entre os resultados do projeto, cabe destacar a produção de conteúdos jornalísticos que tratam da importância do enfoque agroecológico nas políticas públicas para agricultura familiar.

Uma vila cheia de riquezas!

O que a ATER tem a ver com a história das comunidades?