Organizações da Rede ATER NE de Agroecologia se capacitam para fortalecer comunidades rurais

Daiana Almeida (Comunicadora do CETRA e da Rede Ater NE de Agroecologia)

Entre os dias 25 e 28 de abril, a Rede ATER NE promoveu um momento de formação interno sobre “comunidades resilientes”. O seminário aconteceu no território da Borborema Agroecológica, no semiárido da Paraíba, e reuniu cerca de 50 pessoas, entre agricultores/as, técnicos/as, comunicadores/as e lideranças das comunidades acompanhadas pelas 12 organizações que compõem a Rede ATER.

O primeiro módulo da formação foi pensado para que as comunidades rurais fossem lidas e reconhecidas como instâncias de organização social e política capazes de ampliar a resiliência das famílias diante de desafios constantes, sejam climáticos, políticos e/ou sanitários, como a pandemia da Covid-19.

Daí vem o conceito “comunidades resilientes” que tem sido usado para designar as comunidades que têm mecanismos, construídos ao longo de sua história, para enfrentar adversidades que estão fora do seu controle, como as secas.

“Esses mecanismos são fruto da mobilização política e da formação dos movimentos sociais do território, assim como fruto das políticas públicas construídas de 2003 a 2015, que foram desmontadas de 2016 a 2022 e são retomadas a partir deste ano”, assegura Denis Monteiro, agrônomo e assessor técnico da AS-PTA.

Na formação, foram visitadas três comunidades que já passaram por um processo de reflexão sobre a sua história. As comunidades Soares, Benefício e Bom Sucesso ficam nos municípios de Queimadas, Esperança e Solânea, respectivamente, situados na região de atuação do Polo da Borborema, na Paraíba. O Polo é um coletivo de sindicatos rurais que recebe a assessoria da AS-PTA, uma das organizações que faz parte da Rede Ater NE.

“Nas comunidades, observamos as suas trajetórias, a importância das organizações de bases e a importância das políticas públicas. E também identificamos os desafios e as potencialidades que existem nos territórios para qualificar o trabalho de assessoria das organizações”, afirma Denis, acrescentando que essa leitura também potencializa a ação de incidência política da Rede ATER NE, habilitando-as a propor políticas públicas, em especial as políticas de ATER, a partir das dinâmicas territoriais de organização social.

Com o seminário, os participantes também aprofundaram suas reflexões sobre o sentido político da iniciativa da ATER, sobre o papel da assessoria para a construção dos sujeitos coletivos da agricultura familiar, sobre perspectivas das políticas públicas de ATER e sobre a função dos sujeitos coletivos e das organizações de assessoria e das/os agricultoras/es experimentadores/as.

A coordenadora do Polo Borborema, Roselita da Costa, que também participou da formação, destacou a importância dos agricultores e das agricultoras assumirem o papel de protagonistas na construção da agroecologia no campo. “Esse momento de encontro da Rede ATER Nordeste serve exatamente pra gente trocar experiências, potencializar experiências e fazer com que os sujeitos, que são os agricultores e as agricultoras, possam assumir o papel de protagonistas que sempre tiveram na sua essência”, afirmou.

Método Lume – Durante a programação do seminário, foi lançado o livro Estudo Lume: Procedimentos e instrumentos para análise da sustentabilidade de agroecossistemas, que aborda o método utilizado nesta formação para trabalhar com as comunidades resilientes. O método, desenvolvido pela AS-PTA, identifica estratégias sociais e econômicas das famílias e comunidades rurais e revela questões que são invisibilizadas em outros métodos de análises de agroecossistemas.

Guilherme Delmontes, jovem assessorado pela ONG Caatinga, destaca o protagonismo que as famílias agricultoras têm na análise de seus agroecossistema. “O Método Lume é uma troca de conversa, de diálogos, de algo que muitas vezes era inviabilizado. O resultado final é o resultado de um trabalho árduo, mas lindo e bem executado. Possibilitando às famílias que elas entendam sua produção e as relações entre todos. Não somos uma parte do método, mas um dos pilares centrais”.

Vídeo – Sobre as expectativas e sobre a riqueza da ocasião, os comunicadores presentes realizaram um vídeo com depoimentos sobre a importância da formação e a ansiedade para o próximo módulo que ocorrerá no Ceará.

O vídeo é uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre o trabalho da Rede Ater Nordeste e se inspirar com os depoimentos de agricultores e agricultoras, técnicos e técnicas que estão transformando a realidade do campo. Não perca essa oportunidade e confira o vídeo agora mesmo!

Clique na imagem e assista ao vídeo.

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