Mercados agroecológicos como instrumentos de incidência política

A Rede Ater Nordeste partilha com vocês 12 fotorreportagens produzidas a partir das experiências estudadas pelo Método Lume de pesquisa (Método de análise econômico-ecológica de agroecossistemas) que significa o aprofundamento na mudança da vida das famílias agricultoras que vivem no semiárido brasileiro, mas especificamente na região Nordeste, depois do acesso às políticas públicas,  nos últimos 16 anos. 

O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), foram fundamentais para garantir qualidade de vida, a saúde e a produção de alimentos  sem veneno, o que possibilitou a segurança alimentar e nutricional das famílias, proporcionando um despertar para a comercialização do excedente desses alimentos, tanto de forma direta, sem a figura do atravessador, como no acesso ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A culminância dessas iniciativas é o crescimento no número de feiras agroecológicas e espaços de comercialização em todos os territórios pesquisados, mesmo durante o período de estiagem.

Outra questão apontada pela pesquisa, diz sobre a autonomia das mulheres e da juventude a partir da criação das feiras. As mulheres adultas e jovens foram protagonistas desse processo no qual, elas enxergaram uma possibilidade de geração de renda e auto-organização. A partir da inserção nas feiras, elas começaram a ocupar espaços de decisões políticas e de gestão, locais antes ocupados por homens. Foi a partir da venda,  que muitas mulheres conseguiram sair de situações de violência ao conseguir autonomia econômica e a participar em  redes de apoio. Conseguiram construir uma marca própria para seus produtos e  receber o selo de certificação orgânica.

Mesmo diante do desafio de comercializar durante a pandemia, as mulheres se reinventaram através da venda de produtos via redes sociais, produzindo cards e vídeos curtos, chamando a atenção da população do campo e da cidade para seus produtos, inclusive, aumentando as vendas. 

Sobre a  Rede Ater Nordeste de Agroecologia – é uma articulação de organizações não governamentais atuantes em 06 estados do Nordeste brasileiro, todas integradas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e à Articulação Nacional de Agroecologia(ANA).Criada em 2003, tem como objetivo favorecer processos de aprendizagem mútua entre entidades prestadoras de serviços públicos de assistência técnica e extensão rural orientados pela perspectiva agroecológica.

A Rede Ater atua nos seguintes estados e territórios: Ceará (Sertão dos Inhamuns e Vales do Curu e Aracatiaçu); Pernambuco (Sertão do Araripe-Pajeú, Agreste Central-Setentrional; Paraíba (Cariri-Seridó-Curimataú e Borborema); Rio Grande do Norte (Médio oeste potiguar); Bahia (Sertão do São Francisco, Norte de Itapicuru, Sisal e Bacia do Jacuípe); Sergipe (Alto Sertão).

Em quase duas décadas de uma existência ativa e propositiva, a Rede acumulou um vasto conjunto de resultados nos planos técnico, metodológico e político. Por meio de processos continuados de sistematização e intercâmbio entre as suas organizações, elaborou e apresentou um conjunto de proposições que influenciaram a modelagem de chamadas de ATER Agroecologia, uma das inovações de maior relevância da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO).