Criada em 2003, a Rede ATER Nordeste de Agroecologia apresenta-se como uma das mais dinâmicas articulações regionais no Brasil no campo da agroecologia. É composta por 12 organizações da sociedade civil atuantes na assessoria à agricultura familiar em seis estados nordestinos: Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. As organizações da Rede (AS-PTA, CAATINGA, CDJBC, CENTRO SABIÁ, CETRA, DIACONIA, ESPLAR, FUNDAÇÃO APAEB, IRPAA, MOC e SASOP) também integram a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A Rede ATER Nordeste faz parte da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).+
Essa assessoria é orientada a fortalecer as capacidades organizativas da agricultura familiar para que grupos formais e informais atuem como protagonistas nos processos de transição agroecológica em seus respectivos territórios. Para tanto, as organizações da Rede ATER-NE apoiam a conformação e o fortalecimento de redes territoriais de inovação agroecológica.
Essas redes são dinamizadas pela ação de agricultores/as experimentadores/as, atores sociais centrais na construção de experiências relacionadas com a transformação dos sistemas alimentares nos territórios. Entre os temas que mobilizam as experiências estão promoção da segurança alimentar e nutricional e construção de mercados territoriais (como feiras, pontos fixos e compras governamentais), proteção e disseminação de sementes crioulas e raças nativas, segurança hídrica, entre outros.
A assessoria é sensível às desigualdades entre homens e mulheres e entre gerações, adotando estratégias metodológicas próprias no sentido de superar este desafio.
As organizações da Rede ATER NE incidem em políticas públicas nos âmbitos municipal, estadual e nacional, como políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), apoio à comercialização da agricultura familiar, programas de sementes e de compras públicas de alimentos.
Para qualificar a atuação de cada organização que compõe a Rede ATER NE, um dos objetivos principais da Rede é aprimorar a abordagem técnica-metodológica das assessorias de base agroecológica, visando a construção de políticas públicas.
Eixos Estratégicos
Onde estamos
Organizações
A AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia é uma associação de direito civil sem fins lucrativos que, desde 1983, atua para o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção do desenvolvimento rural sustentável no Brasil. A experiência acumulada pela entidade ao longo desses anos permitiu comprovar a contribuição do enfoque agroecológico para o enfrentamento dos grandes desafios da sustentabilidade agrícola pelas famílias agricultoras. A AS-PTA participou da constituição e atua em diversas redes da sociedade civil voltadas para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Ao mesmo tempo em que constituem espaços de aprendizado coletivo, essas redes proporcionam ações articuladas de organizações e movimentos da sociedade para influenciar a elaboração, implantação e monitoramento de políticas públicas.
Desde 1989, o Caatinga atua no território do Sertão do Araripe, em Pernambuco, defendendo o direito à alimentação por meio da agroecologia e convivência com o Semiárido. Sua ação visa o combate à fome e à pobreza, ao promover as capacidades das famílias agricultoras em estruturar seus sistemas de produção de alimentos sem veneno, mais resistentes às mudanças climáticas e que previnem e superam os processos de degradação do solo, que levam à desertificação. O Caatinga atua apoiando as organizações de base a incidir em políticas públicas, exigindo seus direitos.
@caatingaong / caatinga.org.br
O Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 11 de junho de 1995 por trabalhadores/as rurais e pessoas que lutavam pela promoção, acesso e posse da terra e aos direitos da mulher e do homem do campo. Quando foi criada, a entidade tinha em Dom José Brandão de Castro (primeiro bispo da Diocese de Propriá) o seu referencial de mística e compromisso em defesa da transformação social, dos valores democráticos e da organização coletiva. O CDJBC tem por missão “contribuir para o fortalecimento das formas de organização e qualificação dos/as trabalhadores/as rurais sergipanos/as na luta pela superação da exclusão social”.
O Cetra nasceu em 1981, no Ceará, a partir de um contexto de luta pela terra. A organização tem como principal objetivo contribuir para o bem viver no campo e na cidade, através da agroecologia e da convivência com o Semiárido. São temas centrais do trabalho do Cetra a agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais. gênero, juventudes, socieconomia solidária, comunicação popular, entre outros.
@cetraceara / cetra.org.br
A Diaconia é uma organização social, de inspiração cristã e sem fins lucrativos, comprometida com a justiça social. Ela está presente em territórios urbanos e semiáridos do Nordeste brasileiro e tem como compromisso maior o serviço para a transformação de vidas. Para isso, estimula o empoderamento das mulheres, homens, jovens e famílias agricultoras e mobiliza comunidades, igrejas e outros grupos sociais para a defesa e a efetivação dos Direitos Humanos. A missão da Diaconia é trabalhar para efetivação de políticas públicas de promoção e defesa de direitos, priorizando populações de baixa renda para a transformação da sociedade.
@diaconiabr / diaconia.org.br
O Esplar é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1974, que atua no semi-árido cearense em defesa da agricultura familiar, da agroecologia e do direito das mulheres. O Esplar existe para apoiar os movimentos sociais na construção de um projeto de desenvolvimento solidário, ecologicamente sustentável e resiliente às mudanças climáticas, com foco na agricultura familiar de base agroecológica, na perspectiva da igualdade de gênero, raça, etnia e geração.
A Fundação Apaeb surgiu entre os anos de 2007 e 2008, ao assumir as iniciativas sociais da Associação Apaeb. A organização atua no território do Sisal, na Bahia, no desenvolvimento de ações estratégicas direcionadas à inclusão produtiva, práticas agroecológicas e de convivência com o Semiárido, acesso a mercado dos produtos da agricultura familiar e fortalecimento de políticas públicas que melhorem a qualidade de vida das famílias agricultoras. A Fundação também faz a gestão do viveiro de mudas O Caatingueiro, que produz, distribui e comercializa mudas nativas e adaptadas ao Semiárido. Assim, se pretende estimular o processo de recomposição da Caatinga (recaatigamento), a formação de banco de proteínas para alimentação animal e disseminar pés de fruta para enriquecer a dieta das famílias agricultoras da região. Além disso, a entidade também desenvolve iniciativas direcionadas à cultura popular, educação e cidadania.
@fundacaoapaeb / www.fundacaoapaeb.org.br
Em 1990, no território do Sertão de São Francisco, na Bahia, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) foi fundado. Era um tempo de forte estiagem, fome e políticas públicas que não contemplavam as necessidades das famílias agricultoras. Uma das fortes contribuições do Irpaa é na construção de tecnologias para captação e armazenamento da água da chuva e também na promoção de experimentações práticas no âmbito da educação contextualizada; produção, beneficiamento e comercialização dos alimentos saudáveis e de verdade produzidos pelas famílias agricultoras assessoradas pela organização. O Irpaa também promove ações de recaatingamento como uma das medidas de enfrentamento às mudanças climáticas. Na lista dos temas estratégicos, a organização também dá forte contribuição no debate e prática da democratização da comunicação, educação contextualizada, acesso à terra, luta pela água e segurança alimentar e nutricional.
O Movimento de Organizações Comunitárias (MOC), em funcionamento desde 1967, é uma entidade civil, de direito privado, para fins filantrópicos e não econômicos, de caráter beneficente, educacional, voltado para o desenvolvimento da sociedade. A organização prioriza ações no campo da incidência das políticas públicas, participação social, convivência com o Semiárido, agroecologia, relações sociais de gênero, economia solidária, educação do campo contextualizada, soberania e segurança alimentar e nutricional, desenvolvimento sustentável, entre outros.
O Patac nasceu em 1970, no período do Regime Militar. Desde o princípio, sua essência é atuar junto às populações destituídas de direitos sociais. Um dos fundadores foi um religioso da Congregação Redentorista Nordestina (CSsR), o Irmão Urbano, que realizou nos primeiros anos um trabalho nas periferias de Campina Grande (PB), proporcionando o acesso desse público a diversas tecnologias sociais que inicialmente serviram para a construção de casas para quem migrava do campo para a cidade. Com o passar dos anos, o Patac passou a atuar na zona rural, com famílias agricultoras de várias regiões da Paraíba, prestando assessoria na implantação de tecnologias sociais, na auto-organização comunitária e na produção de alimentos com base na agroecologia para garantir a segurança e soberania alimentar dessas famílias. Hoje em dia, atua nos territórios paraibanos do Cariri, Seridó e Curimataú, em parceria com o Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar.
O Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá é uma ONG com sede no Recife (PE), fundada em 1993, que trabalha a promoção da agricultura familiar dentro dos princípios da agroecologia. A missão do Sabiá expressa o desafio de interagir com os diversos setores da sociedade civil, desenvolvendo ações inovadoras junto às crianças, jovens, mulheres e homens na agricultura familiar. A ação do Sabiá visa influencia a sociedade para que a mesma viva em harmonia com a natureza, construindo um modelo de desenvolvimento rural sustentável.
@centro_sabia / centrosabia.org.br
Fundado em 1989, o Sasop tem seu trabalho voltado para o fortalecimento da agricultura familiar agroecológica, promovendo o protagonismo e a conquista da cidadania de agricultores/as, pescadores/as artesanais, comunidades tradicionais e suas organizações. A organização atua por meio de dois Programas de Desenvolvimento localizados nos território do Sertão do São Francisco (BA) e no Baixo Sul da Bahia. A sede está localizada na capital baiana, Salvador.
@SASOP / sasop.org.br
Rio da vida…
Esta linha do tempo foi elaborada a partir das memórias de quem participou da oficina em que a Rede ATER celebrou seus 20 anos. Daí, que o conteúdo traz um misto de análise da conjuntura, da contribuição da Rede ATER para a construção das políticas públicas de assistência técnica e extensão rural e dos aprendizados deste exercício para a Rede, entre outros elementos.
Anos 1990
Neste período, a rede PTA (Projeto de Tecnologias Alternativas) já refletia sobre metodologias para o serviço de assistência técnica rural. Como várias organizações da Rede PTA formaram a ATER NE, elas já trouxeram em si a sensibilidade para elaborar metodologias adequadas para o envolvimento das famílias agricultoras na construção do conhecimento agroecológico.
2003
Criação da Rede ATER
Neste tempo, o Estado brasileiro reconhecia o papel das redes de organizações da sociedade civil como um espaço para construção da assistência técnica rural e para formações que qualificassem esse serviço.
2004/2010
Nesse período, se instaurou a Política Nacional de ATER e o Programa Nacional de ATER. tendo a Rede ATER forte incidência na construção destes marcos legais.
2010/2016
Período no qual as políticas públicas não eram direcionadas às organizações como destinatárias, mas sim, como executoras, criando um espaço para a construção e execução dessas políticas em diálogo com as realidades das instituições.
Em 2011, a Marcha das Margaridas teve uma grande influência na construção da chamada pública de ATER Agroecologia, pedindo a inclusão da participação ativa das mulheres tanto nas ações quanto nos recursos disponíveis.
2016/2019
Anos marcados por muitas dificuldades, especialmente no âmbito político, após o golpe no governo Dilma Rousseff. Contudo, destaca-se a capacidade de resistência e resiliência das redes do campo da agricultura familiar de base agroecológica. No período, aconteceram eventos de âmbito nacional que fortaleceram as instituições e redes como: Encontro Juventudes e Agroecologia, em 2016 e 4º ENA (Encontro Nacional de Agroecologia), em 2018.
2020/2022
Por conta da pandemia, os encontros presenciais foram suspensos e as atividades seguiram de forma virtual. A manutenção delas fortaleceu as relações da rede, não só entre as instituições, mas também dentro das comunidades.
2023/2024
Período de retomada das políticas públicas direcionadas para a agricultura familiar, combate à fome e à pobreza e do reestabelecimento dos espaços de participação social, como os conselhos.